domingo, 21 de agosto de 2011

BORDANDO PALAVRAS







By Silvana Duboc


Aqui, agora, sem dor 
posso falar daquele amor,
das noites mal dormidas, 
das tantas feridas
que ele abriu em meu coração.
Posso falar daquela paixão 
que rondou a minha alma
enquanto a calma de mim se distanciou.
Hoje, refeita da agonia, eu posso descrever
tudo que eu sentia, aquele turbilhão
de todo tipo de emoção.
Não que eu tenha me curado, 
apenas coloquei de lado
aquelas enormes ilusões 
e entendi que as grandes paixões
sempre terminam em nada 
e somos obrigados a trilhar outras estradas.
Então eu fui, tenho seguido por aí,
mas na verdade nunca te esqueci
e trago aqui dentro as cicatrizes
daqueles momentos que vivi.
Estranhamente gosto de acariciá-las
através destas palavras que insisto em bordar,
estranhamente tento retornar
àquele tempo que não vai voltar, 
onde todas sangravam
e meus olhos encharcados 
pelos teus procuravam.
Te amei, só eu sei o quanto amei 
e a ti nunca contei,
mas eu sei como te amei e te amei tanto
que perdi a lucidez 
e da vida não pude mais ver o encanto,
cega que fiquei pelo meu pranto 
quando de mim tu partiste.
Te amei até que meu coração ruiu,
te amei até a última gota que esvaiu, 
como roupa que se torce
e nada mais tem pra pingar,
te amei até não agüentar
e hoje tenho a certeza de que te amei
muito mais do que a mim mesma.
Te amei com toda beleza, 
amei mais do que eu podia,
muito mais do que eu devia, 
bem além do que eu queria
e agora só me restou, 
depois de todo esse amor
um mero retalho bordado 
com as marcas do passado.




quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TIPOS DE CORAÇÃO





By Silvana Duboc


Tenho conhecido tantos tipos de corações, 
cada um com seus poréns e senões,
com suas riquezas e pobrezas,
com suas particularidades,
com características magníficas
e, muitas, lastimáveis.

Tem o coração de algodão
que de tão fofo parece irmão
que acredita e segura a nossa mão.


Tem o de açúcar que facilmente se desfaz
e pra se reconstituir leva tempo demais.


Tem o coração apagão
que se esconde no meio da escuridão
com receio de sentir alguma emoção.


Tem o coração solitário
que insiste em viver seu calvário.


Tem, também, uma espécie
que deveria ser estudada
se bem que temo que estudo algum dê em nada.


Ele é um tipo de coração duro e oco por dentro,
parece de ferro, de aço,
não amolece em nenhum momento
e se alastra em qualquer espaço.

Nem o mais sincero sentimento
consegue salvá-lo de tanta dureza
e de sua enorme aspereza.


No entanto existe um outro tipo de coração
que alcançou um nível de evolução
que sabe deliciosamente se dar
mesmo quando dúvidas pairam no ar.


Ele possui uma grandeza e uma dimensão
que suporta qualquer traição,
qualquer pequenez vinda de outro coração.


Ele carrega afeto numa proporção
impossível de calcular
e se refaz facilmente de qualquer dor
que possa o afetar.


Ele vive pra esquecer e perdoar
corações que não aprenderam a amar
e que, por isso, vivem uma vida
que a qualquer instante pode desmoronar.


É, tenho conhecido muitos tipos de coração
e nisso tudo sabe o que é bom?


Eu tenho aprendido a respeitar,
entender e aceitar
que nem todos são iguais,
muitos são especiais
e outros infelizes e superficiais.





MIGALHAS






By Silvana Duboc


De migalhas em migalhas eu fui amada
e no final, é claro, não deu em nada.
Fui querida por poucos momentos,
nem cheguei a sentir seu sentimento
que desapareceu envolto no vento.
As migalhas, por ele, foram sendo espalhadas
e nunca mais foram encontradas.
De certo fui levianamente usada
pensando ser tudo, mas eu era nada.
Eu era tão pouco dentro do seu mundo
que acabei sendo devorada em segundos
pelo seu abandono e esquecimento,
pela falta do seu comprometimento,
porém, acho que tenho que ser desculpada
por amar tanto sem nunca ter sido amada,
afinal fui eu que escolhi me cegar
e de toda forma insistir em acreditar
nas inúteis migalhas que você decidiu me dar.
Desculpe pela minha imensa crença
e pela enorme insistência,
desculpe pela afeição e atenção
que de coração eu dediquei a você
quando era claro que você não fazia por merecer.
Migalhas, alguma coisa que se destruiu, 
migalhas, fragmentos de algo que não resistiu, 
migalhas, restos que são varridos
e debaixo do tapete ficam escondidos
para que nunca possam revelar
a real história de alguém que não soube amar.
Agora sigo meu caminho certa de que fui eu a errada
pois amor é coisa grande e verdadeira
e migalhas coisa pequena e passageira.



PARA SEMPRE






By Silvana Duboc



Sempre achei que "para sempre" não podia ser
até que um dia conheci você
e pude entender que "para sempre"
é maior que o infinito e muito mais bonito.
É imensurável e inesgotável,
é profundo e viável.
"Para sempre" é algo devastador
que ignora sofrimento e dor
pois significa muito amor.
"Para sempre" desconsidera a ausência
apesar de toda a carência
que acaba por ocasionar.
"Para sempre" é incondicional,
é físico, é espiritual.
E eu que imaginava que "para sempre" era impossível
acabei aprendendo, com você,
que "para sempre" não é perecível.
"Para sempre" faz parte do passado,
existe no presente 
e resisti ao futuro, naturalmente.
"Para sempre" transcende a vida,
e todas as encarnações.
"Para sempre" quando une dois corações
a mais ninguém deve satisfações.
Se, na sua vida, eu sou "para sempre,"
na minha, você viverá eternamente
sem que eu nunca venha a questionar
o que, às vezes, é tão difícil de explicar.
"Para sempre" é e sempre será
sinônimo de nós dois,
de tudo que nos aconteceu antes
e que nos acontecerá depois.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

DECLARAÇÃO DE AMOR






By Silvana Duboc



Procurei por letras de músicas 
e depois livros de poesias, 
bibliotecas eu visitei 
e em nenhum desses lugares eu encontrei 
uma forma especial de fazer 
uma declaração de amor pra você. 
Imagine, logo eu que gosto tanto de escrever 
essa inspiração não consegui ter. 
É que o meu amor por você 
é algo assim tão grandioso, 
tão belo e majestoso, 
de uma dimensão estonteante, 
tão sincero e tão importante 
que penso que em poucas palavras 
não conseguirei dizer nada. 
Te amo como quem acorda num dia de sol 
envolta num lençol 
aqueles de cetim na cor anil. 
Te amo como pássaro que da gaiola fugiu 
ao encontro da liberdade. 
Te amo na verdade 
sem temores, 
sem sofrer dores. 
Te amo como a lua 
que desponta entre as estrelas 
anunciando a noite que acaba de chegar. 
Te amo como o mar 
Que lança suas ondas 
querendo sempre retorna.r 
Te amo como mulher vulgar, 
sem reservas ao me entregar. 
Te amo como um soldado 
que pisa em qualquer campo 
sem medo dele estar minado. 
Te amo como heróis do passado, 
Romeu e Julieta, 
Heloísa e Abelardo, 
Napoleão e Josefina, 
Ana Bolena e Henrique VIII. 
Te amo de um jeito desvairado 
como se estivesse no meio de um fogo cruzado 
correndo o risco de ver meu coração seqüestrado 
Te amo assim, 
deixando em mim todas as marcas, 
tudo que no futuro possa retratar 
esse louco amor que em mim deixei alastrar 
E, também, para provar 
como é bom te amar 
e não me importa sinceramente 
se pra você não é possível entender 
a intensidade desse amor 
que dentro de mim só faz crescer 
mesmo sem eu saber 
se junto dele você vai querer viver. 
Te amo alucinadamente 
sem esperar por reciprocidade 
mas, na verdade, 
só consigo te amar dessa maneira 
porque entendi finalmente 
como a vida é passageira.





sexta-feira, 5 de agosto de 2011

GOSTAVAS DE MIM



By Silvana Duboc


Gostavas de mim
não como eu gostei de ti,
gostavas de um jeito diferente,
meio inconseqüente
enquanto eu te amava
de forma permanente.
Gostavas de mim
de um jeito assim
bastante duvidoso
e eu te amava tão gostoso.
Gostavas de mim racionando teus sentimentos
e eu liberava os meus em todos os momentos.
Gostavas de mim com intervalos,
semana passada, agora...
e eu te amava a toda hora.
Gostavas de mim comedidamente
e eu te amava enlouquecidamente.
A verdade é que realmente gostamos um do outro
só que eu bastante e tu tão pouco.
Enfim hoje eu entendo porque acabou.
Tu apenas me gostavas
e o que eu sentia por ti era amor.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

RÓTULOS




By Silvana Duboc

Não é que ele não me quisesse,
ele ainda não sabia querer,
não é que ele não pudesse,
ele não entendia que podia ser,
não é que ele não me amasse,
isso ele ainda não conseguia entender.
Dia após dia vivíamos entrelaçados
mas não éramos verdadeiramente ligados
e enquanto o tempo ia passando
algo estava sempre faltando.
Eu era sem nunca ter sido,
ele era sem nunca ter admitido.
Fomos e ainda seremos
e sequer percebemos
que rótulos fazem parte da ilusão
e que a falta deles machuca o coração.
Não que tudo seja tão simples assim,
pelo menos não pra mim,
Em relação a ele nada posso dizer,
eu só sei que eu queria entender.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

O QUANTO DOEU




By Silvana Duboc


Doeu tanto 
que nem o meu próprio pranto 
conseguiu aplacar 
a dor que em mim veio morar. 
Doeu em cada parte do meu corpo, 
no meu peito, no meu rosto, 
nas minhas pernas e braços. 
Doeu a falta dos seus abraços, 
a falta do seu carinho e da sua presença. 
Doeu tanto que virou doença, 
daquelas que só são curadas 
com remédios de receita controlada. 
Doeu tanto que minha vida foi anulada 
e eu me tornei discriminada 
por ser capaz de amar 
a ponto de ficar adoentada. 
Doeram até os fios de cabelo, 
doeu o corpo inteiro. 
Doeram as minhas entranhas 
de forma tão violenta e estranha 
que eu quis morrer de amor 
por sentir tanta dor. 
Doeu muito, doeu demais 
a ponto de sugar a minha paz. 
Doeu a alma e o coração, 
doeu a minha imaginação, 
doeu a minha inspiração. 
Doeram meus versos e poesias, 
doeu minha tristeza e minha alegria. 
Doeram os meus dias, 
as minhas fantasias. 
Doeu tanto e com tanta crueldade 
que doeu até a minha sanidade. 
Mas toda essa dor doeu discretamente, 
doeu inutilmente 
e doeu tão diferente 
de todas as outras vezes que doeu 
que agora busco o meu eu 
e não sei onde ele se perdeu. 
Eu sei apenas o quanto doeu 
e doeu num coração que nunca mereceu.



AVE MARIA DAS MULHERES




By Silvana Duboc


Mãe, 
aqui, agora e a sós
quero lhe pedir por todas nós,
por aquelas que foram escolhidas
para dar a vida.
Mulheres de todas as espécies,
de todos os credos, raças e nacionalidades,
todas aquelas nas quais a vida 
está envolvida em sorrisos, lágrimas,
tristezas e felicidades.
Aquelas que sofrem por filhos 
que geraram e perderam,
as que trabalham o dia inteiro
em casa ou em qualquer emprego.
Quero pedir pelas mães
que penam por seus filhos doentes,
quero pedir pelas meninas carentes
e pelas que ainda estão dentro de um ventre,
pelas adolescentes inexperientes,
pelas velhinhas esquecidas em asilos 
sem abrigo, sem familia, carinho e amigos. 
Peço também pelas mulheres enfermas
que em algum hospital
aguardam pela sua hora fatal.
Quero pedir pelas mulheres ricas, 
aquelas que apesar da fortuna
vivem aflitas e na amargura.
Peço por almas femininas mesquinhas, 
pequenas e sozinhas,
por mulheres guerreiras a vida inteira,
pelas que não têm como dar a seus filhos
o pão e a educação.
Peço pelas mulheres deficientes,
pelas inconseqüentes.
Rogo pelas condenadas, 
aquelas que vivem enclausuradas,
por todas que foram obrigadas
a crescer antes do tempo,
que foram jogadas na lavoura
ou em alguma cama devastadora.
Rogo pelas que mendigando nas ruas
sobrevivem apesar dessa tortura.
Pelas revoltadas, 
as excluídas e as sexualmente reprimidas.
Peço pela mulher dominadora e pela traidora,
peço por aquela que sucumbiu sonhos dentro de si,
por todas que eu já conheci.
Peço por mulheres solitárias e pelas ordinárias,
as mulheres de vida difícil 
e que fazem disso um ofício
e pelas que se tornaram voluntárias
por serem solidárias.
Rogo por aquelas que vivem acompanhadas
embora tristes e amarguradas
e por todas que foram abandonadas,
as que tiveram que continuar sozinhas
sem um parceiro, um amigo, um ombro querido.
Peço pelas amigas,
pelas companheiras,
pelas inimigas,
pelas irmãs e pelas freiras.
Suplico por aquelas que perderam a fé,
que se distanciaram da esperança.
Quero pedir por todas que clamam por vingança
e com isso se perdem em sua inútil andança.
Rogo pelas que correm atrás de justiça,
que a boa vontade dos homens as assista
peço pelas que lutam por causas perdidas,
pelas escritoras e as doutoras,
pelas artistas e professoras,
pelas governantes e pelas menos importantes.
Suplico pelas fêmeas
que são obrigadas a esconder seus rostos
e amputadas do prazer vivem no desgosto.
Quero pedir também pelas ignorantes
e por todas que no momento estão gestantes.
Por aquela mulher triste dentro do coração
que vive com a alma mergulhada na solidão.
Por aquela que busca um amor verdadeiro
para se entregar de corpo inteiro
e peço pela que perdeu a emoção,
aquela que não tem mais paz dentro do coração.
Rogo, imploro, por aquelas que amam
e que não correspondidas, 
vivem uma vida sofrida
e aquela que perdeu o seu amor
e por isso, sua alma se fechou.
Por todas que a droga destruiu,
por tantas que o vício denegriu.
Suplico por aquela que foi traída,
por várias que são humilhadas
e pelas que foram contaminadas.
Mãe,
quero pedir por todas nós
que somos o sorriso e a voz,
que temos o sentimento mais profundo
pois fomos escolhidas tanto quanto você
para gerar e, apesar de qualquer coisa,
Amar,
Independentemente de quem forem nossos filhos,
Feios ou bonitos,
amáveis ou rebeldes,
perfeitos ou deficientes,
tristes ou contentes.
Mãe, 
ajuda-nos a continuar nessa batalha,
nessa guerra diária,
nessa luta sem fim.
Ajuda-nos a ser feliz como a gente sempre quis,
Dai-nos coragem para continuar,
dai-nos saúde para ao menos tentar,
resignação para tudo aceitar.
Dai-nos força para suportar nossas amarguras
e apesar de tudo 
continuarmos a ser sinônimo de ternura.
Perdoa-nos por nossos erros
e por nossos insistentes apelos,
perdoa-nos também por nossas revoltas,
nossas lágrimas e nossas derrotas
E não nos deixe nunca mãe, perdermos a fé
e sempre que puder
peça por nós ao Pai
e lembre-o que quando Ele criou EVA
não deixou com ela nenhum mapa de orientação,
nenhum manual com indicação,
nenhuma seta indicando o caminho correto,
nenhuma instrução de como viver,
De como, a despeito de tudo vencer
e mesmo assim…..conseguimos aprender.
Amém!


Dedicado a você mulher, porque ser mulher
é sempre ser vencedora!!!!