terça-feira, 2 de agosto de 2011

CARTA DE DESPEDIDA




By Silvana Duboc


Enquanto você dorme,
profundamente e despreocupado,
eu abro o armário
e vou retirando os meus guardados.
Pouca coisa vou levar,
só mesmo o que não tenho como deixar.
Algumas roupas,  sapatos
e a maquiagem.
O resto considero bobagem,
por isso, vão ficar
e dentro da minha mala,
também, não iriam dar.
Ah, esqueci de lhe falar,
isso é uma carta de despedida
pra você ler quando acordar.
Deixo algumas coisas pra você,
o remorso e o arrependimento,
as lágrimas e o sofrimento.
Na verdade você nunca saberá
porque, realmente, eu parti,
afinal, você nunca entendeu
porque ao seu lado eu vivi.
Acho até que essa carta não faz sentido,
mas pra você não ser pego desprevenido
vou terminar de escrevê-la.
No lado do armário que, 
por mim, foi liberado,
guarde tudo que nesses anos 
não foi aproveitado.
O meu amor, a minha compreensão,
todo o meu afeto e dedicação.
Capaz até daquele espaço não comportar
tudo que você terá para guardar.
Enfim, já vou indo
enquanto você está dormindo.
A mesa já está posta e o café está pronto,
seu banho preparado
e seu terno bem passado.





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