terça-feira, 2 de agosto de 2011

O QUANTO DOEU




By Silvana Duboc


Doeu tanto 
que nem o meu próprio pranto 
conseguiu aplacar 
a dor que em mim veio morar. 
Doeu em cada parte do meu corpo, 
no meu peito, no meu rosto, 
nas minhas pernas e braços. 
Doeu a falta dos seus abraços, 
a falta do seu carinho e da sua presença. 
Doeu tanto que virou doença, 
daquelas que só são curadas 
com remédios de receita controlada. 
Doeu tanto que minha vida foi anulada 
e eu me tornei discriminada 
por ser capaz de amar 
a ponto de ficar adoentada. 
Doeram até os fios de cabelo, 
doeu o corpo inteiro. 
Doeram as minhas entranhas 
de forma tão violenta e estranha 
que eu quis morrer de amor 
por sentir tanta dor. 
Doeu muito, doeu demais 
a ponto de sugar a minha paz. 
Doeu a alma e o coração, 
doeu a minha imaginação, 
doeu a minha inspiração. 
Doeram meus versos e poesias, 
doeu minha tristeza e minha alegria. 
Doeram os meus dias, 
as minhas fantasias. 
Doeu tanto e com tanta crueldade 
que doeu até a minha sanidade. 
Mas toda essa dor doeu discretamente, 
doeu inutilmente 
e doeu tão diferente 
de todas as outras vezes que doeu 
que agora busco o meu eu 
e não sei onde ele se perdeu. 
Eu sei apenas o quanto doeu 
e doeu num coração que nunca mereceu.



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